Junto com a UE, os EUA vêm pressionando a Rússia por meio de sanções desde o início do conflito
A União Europeia (UE) e os Estados Unidos aplicarão novas sanções econômicas contra a Rússia, por conta do envolvimento no conflito no leste da Ucrânia, onde rebeldes estão enfrentando o governo local.
A nova leva tem como alvo os setores de petróleo, equipamentos de defesa, de tecnologia e de finanças. O objetivo é elevar o custo do apoio dado pela Rússia a rebeldes pró-Moscou na Ucrânia e enfraquecer a economia do país.
"Dissemos que, se a Rússia continuasse nesse caminho, haveria um custo crescente. Hoje, estamos cumprindo essa promessa. A previsão de crescimento da Rússia para este ano é quase nula", disse o presidente americano Barack Obama em pronunciamento na tarde desta terça-feira, na Casa Branca.
"Não precisa ser assim, mas essa é a escolha da Rússia e do presidente (Vladimir) Putin. Há uma outra escolha: a Rússia se unir ao resto do mundo na busca por uma solução diplomática."
Moscou nega as acusações feitas pela UE e pelos Estados Unidos de que estaria fornecendo armamentos pesados aos rebeldes.
Pressão
Avião derrubado por míssil no leste da Ucrânia levou a maior pressão por sanções
Os detalhes das novas sanções aplicadas pela UE - que foram aprovadas pelos embaixadores de seus 28 Estados - virão à tona em um comunicado oficial que deve ser feito na quarta-feira.
A UE também provavelmente anunciará novos nomes de autoridades russas que terão os bens congelados e ficarão proibidas de viajar na Europa.
A pressão por uma ação mais energética dos Estados Unidos e da UE aumentou depois que o voo MH17 foi derrubado enquanto sobrevoava o leste da Ucrânia, no dia 17 de julho, causando a morte das 298 pessoas a bordo, muitas das quais eram cidadãos holandeses.
Uma equipe internacional não conseguiu ter acesso ao local da queda, em meio a intensos combates entre forças do governo ucraniano e os rebeldes.
Governos ocidentais dizem acreditar que os separatistas pró-Rússia derrubaram o avião com um míssil russo. Moscou e os rebeldes negam e culpam o Exército ucraniano.
Em pronunciamento feito em Washington, o secretário de Estado americano, John Kerry, exigiu que os rebeldes e a Rússia deem acesso total ao local da queda aos investigadores.
"Eles sequer conseguiram recuperar todos os corpos, e isso é inaceitável e insuportável para as famílias", disse Kerry. "O local tem de ser isolado. As provas têm de ser preservadas. E a Rússia precisa usar sua influência diante dos separatistas para garantir o mínimo de decência."
Ofensiva
Governo ucraniano tenta cercar rebeldes em conflito no leste do país
As tropas ucranianas continuam a ofensiva para cercar os rebeldes na região de Donetsk.
Ao menos dez soldados ucranianos e 22 civis, entre eles três crianças e cinco pessoas que estavam em um asilo para idosos, foram mortos nas últimas 24 horas.
Segundo Gavin Hewitt, correspondente da BBC, a revolta com o bloqueio do acesso de investigadores internacionais foi crucial no anúncio de novas sanções.
"Também há o fato de que, desde o incidente, a Rússia vem permitindo que armas pesadas sejam levadas para a Ucrânia por suas fronteiras", afirma Hewitt.
"A Europa tinha de agir em nome de sua própria credibilidade e pode ter que ir ainda mais longe para garantir que Vladimir Putin e seu círculo interno entendam que suas ações têm consequências."
Ainda não está claro qual será a reação russa.
Na última segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu aos líderes da sua indústria de equipamentos de defesa que fosse reduzida a dependência de componentes e fornecedores estrangeiros, que devem ser substituídos por alternativas nacionais.
E o ministro de Relações Exteriores, Sergeu Lavrov, disse que a Rússia não retaliará nem "cairá na histeria".
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