Geografia
Metrópoles brasileiras
Estudo aponta que o país tem 12 metrópoles como principais centros urbanos
Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (10) uma pesquisa que traça uma radiografia da dinâmica das redes urbanas no país. Segundo o estudo Regiões de Influência das Cidades, 12 metrópoles são consideradas como principais centros urbanos, que estabelecem forte relacionamento entre si e têm extensa área de influência direta.
Embora a pesquisa indique que nos últimos 40 anos não houve uma alteração substancial na composição desse grupo, alguns centros emergiram no período, exercendo maior influência no cenário sócio-econômico nacional.
O coordenador da pesquisa, Cláudio Stenner, destacou que nas últimas décadas São Paulo, que concentra 28% da população brasileira e 40,5% do Produto Interno Bruto (PIB), se isolou na liderança do ranking como grande metrópole nacional, exercendo influência, principalmente no cenário empresarial, em todo o país. O estudo também aponta que o Rio de Janeiro, com 11,3% da população e 14% do PIB aparece isolado em segundo lugar.
"Existe uma inércia muito grande na manutenção dos grandes centros urbanos que estão no comando. São Paulo já era topo e se mantém no topo numa posição muito forte e destacada das demais metrópoles. Todas as outras onze metrópoles têm relações empresariais preferenciais com São Paulo e secundariamente, dez delas, com o Rio de Janeiro", explicou.
A pesquisa constatou ainda, entre as principais mudanças na estruturação das redes urbanas, a consolidação de Brasília como metrópole nacional, com peso político-administrativo e econômico, e o fortalecimento de Manaus, que estava inserido na área de Belém e passou a figurar como metrópole nacional.
Nas últimas quatro décadas, algumas capitais dos estados do Nordeste também ganharam força, como Teresina, Aracaju, Maceió, São Luis, João Pessoa, Natal e Fortaleza. Esta última passou até a figurar como metrópole nacional, ocupando o mesmo nível hierárquico que Recife.
Ainda assim, Cláudio Stenner destaca que na Região Nordeste, como na Norte, a oferta de bens e serviços, incluindo saúde, educação e acesso à internet é muito concentrada em poucos grandes centros. Para fazer compras, a população brasileira se desloca em média 49 quilômetros. Na rede de Manaus, essa distância chega a 218 quilômetros, enquanto na área do Rio de Janeiro, cai para 41 quilômetros.
"A rede de influência das cidades no Sudeste e no Sul é mais estruturada do que no Norte e no Nordeste, com grandes números de centros intermediários que ofertam serviços de saúde, educação e bens e serviços que funcionam como primeira opção da população dos pequenos centros. Já no Nordeste e no Norte essa oferta é muito mais concentrada e o papel das capitais nesses sentido é muito mais forte", afirmou.
Stenner destacou ainda que nos últimos 40 anos, em função do processo de urbanização, as regiões do norte do Mato Grosso, Rondônia e do leste do Pará estabeleceram uma rede estruturada, com crescente influência.
Além disso, a capital do Tocantins, Palmas, desde a sua criação, há 20 anos, passou a comandar a região do Tocantins e o norte de Goiás, que antes era vinculado a Goiânia.
Para Júnia Santa Rosa, representante do Ministério das Cidades, que participou do lançamento da pesquisa, os dados apresentados podem servir para orientar de maneira mais eficaz a distribuição dos recursos e dos investimentos espalhados pelo país.
"Em 40 anos vemos que houve um avanço muito grande, mas chama a atenção o fato de apenas 12 áreas serem consideradas metrópoles nacionais. Continuamos com uma concentração expressiva de população de bens e serviços e mais políticas devem ser feitas para possibilitar maior diversificação", afirmou.
Para realizar o estudo, o IBGE analisou dados de 4.625 municípios e registros administrativos do próprio instituto, além de órgãos estatais e empresas. As informações foram comparadas com estudos feitos pelo IBGE em 1972, 1987 e 2000.
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