Geografia
Israel ataca comboio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza
Revista Epoca
31/05/2010
Israel ataca comboio de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza
Seis navios levavam 10 mil toneladas de carga e cerca de 750 ativistas
Agência EFE
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto nos territórios palestinos pelo ataque israelense, nesta segunda-feira (31), à "Frota da Liberdade", que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Segundo uma televisão de Israel, 14 ativistas teriam morrido. O exército israelense diz que ao menos dez pessoas morreram.
A "Frota da Liberdade" é composta por seis navios, que transportavam cerca de 750 ativistas e 10 mil toneladas de carga para Gaza. O comboio partiu de Chipre, e os ativistas contaram que mostraram bandeiras brancas, mas os soldados atiraram na tripulação. O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que os soldados tentaram dispersar os manifestantes dentro de uma das embarcações pacificamente, porém, tiveram de atirar para se defender. O chefe das Forças Armadas de Israel, Gabi Ashkenazi, afirmou que apenas um dos seis navios do comboio transportava extremistas islâmicos, que agiram violentamente.
Em comunicado emitido na cidade cisjordaniana de Ramala, por meio da agência oficial palestina "Wafa", Abbas não anunciou, no entanto, uma interrupção do diálogo indireto de paz que mantém com Israel. "O que Israel cometeu contra os ativistas da 'Frota da Liberdade' é um massacre", disse Abbas.
Seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina, qualificou a ação de "crime contra a humanidade, já que foram atacados ativistas que não estavam armados e tentando romper o bloqueio sobre Gaza fornecendo ajuda".
"A agressão israelense terá perigosas consequências na região e no mundo", advertiu Abu Rudeina.
O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, leu diante das câmaras um comunicado no qual assegura que "nada pode justificar" o "crime" cometido por Israel. "Esse crime reflete mais uma vez a falta de respeito de Israel pelas vidas de civis inocentes e pelo direito internacional", acrescentou.
Um dos principais assessores de Abbas, o chefe negociador palestino Saeb Erekat, qualificou o ocorrido de "crime de guerra" que "confirma que Israel age como um Estado acima da lei". Ele pediu uma resposta "rápida e apropriada" da comunidade internacional. "Eram embarcações civis, que levavam civis e bens civis - remédios, cadeiras de rodas, comida, materiais de construção - para os 1,5 milhão de palestinos fechados por Israel. Muitos pagaram com suas vidas. O que Israel faz em Gaza é horrível, nenhum ser humano esclarecido e decente pode dizer algo diferente", apontou Erekat.
O Exército israelense reconhece em comunicado a morte de dez ativistas durante a tomada de controle das embarcações, que aconteceu nesta madrugada a cerca de 20 milhas da faixa palestina.
Turquia chama embaixador em Israel para consultas e pede reunião da ONU
O governo da Turquia anunciou que chamou seu embaixador em Israel para consultas em protesto ao ataque israelense. Além disso, Ancara pediu a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para discutir o assunto. A maioria dos ativistas do comboio humanitário é turca. E três dos seis navios têm bandeira da Turquia.
O vice-primeiro-ministro turco, Bülent Arinç, disse também que a Turquia suspendeu seus exercícios militares conjuntos com Israel, país com o qual havia criado uma forte relação econômica e militar.
O ministro de Assuntos Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, irá nesta segunda-feira (31) a Nova York para pedir a convocação do Conselho de Segurança da ONU, do qual a Turquia pertence como membro rotativo. "Este incidente ressalta mais uma vez a temeridade de Israel. É uma mancha negra na história da humanidade", disse Arinç. Segundo ele, o Executivo turco ainda não dispõe de dados confiáveis sobre o número de mortos e feridos no ataque à chamada "Frota da Liberdade".
Ele descartou enviar um navio militar turco à região onde aconteceu o fato até que sejam avaliadas diversas iniciativas "civis" e o assunto seja discutido com o Estado-Maior do Exército.
Arinç anunciou que pedirá à Organização da Conferência Islâmica, à União Europeia e à Liga Árabe que se reúnam para avaliar os fatos em caráter de urgência.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI144237-15227,00.html
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