A Índia soma "um Brasil" a sua população em apenas dez anos e caminha para superar a China como o país mais populoso do planeta. O censo publicado ontem pelo governo indiano mostrou que os indianos já são 1,21 bilhão. Na última década, a população aumentou em 181 milhões, quase o total de habitantes que tem Brasil.
Com os novos dados, a Índia representa 17,5% da população mundial, contra 19,4% da China, que tem 1,34 bilhão de habitantes. A taxa de crescimento da Índia, porém, é bem superior à dos chineses, que exercem um forte controle de natalidade.
Em dez anos, a expansão da população indiana foi de 17%, passando de 1,03 bilhão para 1,21 bilhão. O aumento é inferior aos 21% dos anos 90 e é o menor em cem anos no país. Juntos, a população atual do Brasil, EUA, Indonésia, Paquistão e Bangladesh não superam a indiana.
A expansão acelerada é motivo de preocupação e significa que as cidades continuarão a sofrer com a densidade demográfica elevada. A luta contra a pobreza também será dificultada.
O censo mostrou que a taxa de alfabetização subiu 9% em dez anos. Mas, ainda assim, um a cada quatro indianos não sabe ler ou escrever. O censo foi o 15o.º realizado no país desde 1872. No entanto, desta vez causou polêmica ao propor carteira de identidade aos indianos e o recenseamento de castas, algo oficialmente abolido.
Os dados também revelaram que existem 50 milhões de homens a mais do que mulheres na Índia. Para cada mil homens existem 940 mulheres no país.
Os dados indicam que a prática de aborto em casos de gravidez de meninas continua em comum. Nas regiões mais pobres da Índia, a percepção é a de que são os meninos os responsáveis pelo sustento das famílias. Em regiões tradicionais, cabe ao filho organizar o sepultamento dos pais.
Já as meninas são vistas como um peso. Cabe à família de uma noiva pagar pelo dote e a proteção de sua virgindade ainda é uma obrigação. A preferência por bebês do sexo masculino, portanto, é clara. Na Índia, os testes pré-natais para determinar o sexo estão proibidos desde 1996, para evitar abortos. Clínicas particulares, porém, ainda oferecem o serviço de forma ilegal.
Jornal O Estado de S. Paulo