Geografia
Gripe A : algumas ponderações
Diante da atual pandemia de Gripe ( Influenza A ou H1N1 ) faz-se necessário algumas ponderações:
Quanto a nomenclatura do vírus:
A letra A indica o tipo mais variável de vírus, com potencial de fazer adoecer o maior número de pessoas. Os vírus da gripe humana são classificados em A, B ou C, de acordo com esse critério.
A letra H, de H1N1, é a inicial de hemoglutinina, uma proteína localizada na superfície externa do vírus e que ele utiliza para se fixar nas células humanas. O nome vem da aglutinação das células do sangue.
A letra N, de H1N1, é a inicial de neuraminidase, uma proteína que quebra os açúcares da célula sob ataque para liberar novos vírus.
Como as duas proteínas localizam-se no lado externo do vírus, são elas que o sistema imunológico detecta e que os cientistas procuram alvejar na busca por formas de matar o vírus.
Existem 16 tipos de hemoglutinina e 9 tipos de neuraminidase. Apenas as hemoglutininas 1, 2 e 3 ocorrem nos seres humanos (daí os H1, H2 e H3 nas denominações dos vírus). Da mesma forma, apenas as neuraminidases N1 e N2 são frequentes no ser humano.
Os outros tipos são encontrados em aves. Como não ficam gripadas - os vírus atacam seu sistema digestivo e não o sistema respiratório - as aves migratórias misturam os vírus em escala mundial.
Quanto ao poder dos cartéis dos Remédios.
Sabemos que a lógica capitalista é a da maximização dos lucros a qualquer custo, mesmo que seja sobre cadáveres de milhões de víveres. Essa lógica também é observada no combate a gripe suína. Vamos ao fatos:
2005 - A OMS alarma o mundo dizendo que a pandemia de gripe aviária era uma possibilidade real. Surgiram especulações e comparações com a Peste Negra, a pandemia de peste bubônica que dizimou 25 milhões de europeus no século XIV.
OMS considerou o antiviral Tamiflú, fabricado pela farmacêutica suíça Roche, sócia de Rumsfeld (lembra-se do secretário de segurança do governo Bush), o medicamento mais eficiente para reduzir o risco de morte dos pacientes infectados pelo vírus H5N1.
Resultado: Com prescrição direta da OMS orientando muitos governos a comprar doses suficientes para dar conta de 25% da população de seus países. As vendas do remédio subiram em mais de 260%, gerando receitas extras de mais de 500 milhões de dólares para os cofres da empresa suíça. (http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2005/10/18/
ult1766u12527.jhtm). Só o Brasil comprou material suficiente para fazer 9 milhões de doses.
Agora em 2009 aparece a gripe suína que segundo a Folha de São Paulo “Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses” e novamente a OMS orienta muitos governos a comprar milhões de doses dessas drogas. A OMS - O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) - informa que o vírus é sensível, in vitro, a dois inibidores da neuraminidase, o Tamiflu (fosfato de oseltamivir), da Roche, e o Relenza (zanamivir), da GlaxoSmithKline.
Mesmo sob a suspeita da ineficiência desses medicamentos, visto que o vírus Influenza é mutante, (http://www.who.int/csr/disease/swineflu/notes/h1n1_antiviral_resista
nce_20090708/es/index.html) a bondosa Roche doa seus estoques de Tamiflu (fosfato de oseltamivir) à OMS.
Será que estamos diante de uma aberração capitalista? Acredito que não. Não podemos confiar nesse pacote de “bondades” e acreditar no altruísmo dessa empresa.
“O grupo farmacêutico suíço Roche mais do que triplicou no primeiro semestre de 2009 seu faturamento com o Tamiflu, muito usado contra o vírus influenza A(H1N1), a chamada gripe suína”. (http://www.swissinfo.ch/), (http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=51918)
Há muito tempo a saúde deixou de ser direito do cidadão e passou a ser um negócio muito lucrativo para as empresas principalmente àquelas que detêm o monopólio da biotecnologia. Não seria o caso que quebrar a patente desses medicamentos, se realmente for eficaz, e distribuir para os hospitais públicos?
“Me diga com quem andas que digo quem tu és”
Se investigarmos a Roche chegaremos a Gilead, empresa de Donald Rumsfeld, como frisado acima, juntos administram conjuntamente a fabricação mundial do Tamiflú, decidem juntas as eventuais autorizações de “sub licença” e coordenam em dueto as vendas nos mercados mais importantes, como Estados Unidos e Europa. (http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=51918), se prosseguirmos chegaremos também a outras conclusões: a Gilead, de Donald Rumsfeld (O secretário da Defesa dos EUA) , financiada pelo governo dos Estados Unidos e pela Fundação Bill e Melinda Gates, era a responsável por testes na Nigéria, em Camarões e no Camboja com um medicamento para tratamento da AIDS. Estes testes foram suspensos após pressões populares com força suficiente para resistir à mutilação do organismo de sua própria população.
Mas, a podridão é ainda maior.
Em 1996, durante uma epidemia de meningite em Kano, Nigéria, 200 crianças doentes foram objeto dos testes de uma nova droga da Pfizer, o Trovan. A metade delas foi tratada com o Trovan. A outra com um medicamento concorrente do qual foram aplicadas doses abaixo do necessário, com o objetivo de se garantirem resultados inferiores.
Muitas das crianças-cobaia morreram ou sofreram danos permanentes como: cegueira, surdez e paralisia. Graças ao sacrifício das crianças africanas, o Trovan nunca foi aprovado para uso das crianças americanas.
Detalhe: a Pfizer não informou aos pais das crianças que se tratava de um teste, embora sabendo que o Trovan apresentava efeitos colaterais prejudiciais à saúde e poderia ser impróprio para uso humano, nem que existia um produto comprovado e relativamente barato, o clorofenicol. (http://www.correiocidadania.com.br/content/view/400/)
Essa é a lógica capitalista da maximização dos lucros a qualquer custo.
Quantos cadáveres teremos que contar até isso terminar?
Quanto aos investimentos em saúde públicas:
Alguns discursos já começam a ganhar destaque na grande mídia e na Internet.
Alguns meios de comunicação amedrontam a população empurrando-os para as unidades de saúde já superlotadas, espalhando ainda mais o vírus. Outros acusam o Ministério da Saúde de fazer uma centralização excessiva dos antivirais. ” (http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1§ion=geral&news
ID=a2589035.xml), “ é uma postura criminosa do governo recolher os antivirais” esbraveja outro internauta. Outros questionam a competência do governo federal em administrar as ações para conter multiplicação dos casos da Gripe A.
Mas, segundo a OMS e o próprio Ministério da Saúde, o índice de mortalidade dessa gripe é bem próximo a da gripe sazonal, portanto é provável que ela se espalhe por todo país sem matar em massa os brasileiros. E a automedicação seria um tiro no pé nesse momento, pois se as pessoas passarem a tomar o medicamento (antiviral) por prevenção, ou ao sentir qualquer coisa que possa ser um sintoma é que teremos é uma variedade de virus resistente, que terá uma vantagem sobre linhagens sensíveis e poderá se espalhar.
O importante nesse momento seria a prevenção (habito básicos de higiene, evitar aglomerações) e somente em caso de complicações procurar uma unidade de saúde.
Portanto, todas as pressões dessa epidemia convergirão para as unidades de saúde. Conseqüentemente é onde deverá ser empregado a grande maioria dos recursos públicos (três esferas da federação). Visto que em todo país há muitos problemas: falta de médicos, pessoal qualificado, equipamentos hospitalares, estrutura degradada ou insuficiente para suprir a demanda.
A Grande Mídia deveria investigar se todas as esferas da federação estão aplicando os recursos conforme estabelece a constituição. (a União - valor determinado a partir do crescimento anual do PIB, os Estados: 12% dos recursos próprios provenientes de impostos; e os Municípios: 15% dos recursos próprios provenientes de impostos).
Tudo indica que isso não vai acontecer. A grande mídia vai continuar desinformando, confundindo e amedrontando a população. Influenciando a automedicação e enriquecendo o cartel dos remédios.
Acredito que nesse momento de redobrarmos a participação dos cidadãos como garantido na constituição (art. 198), que por meios de nossas entidades representativas (sindicatos, movimentos sociais, associações ) e da mídia alternativa participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local.
Portanto, esse é o momento esclarecer a todos os brasileiros que a saúde é um direito primordial a vida como assegurado na CF de 1988:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Constituição Federal)
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do
art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela EC n. 29, de 2000.)
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