|
Crianças inglesas participam de programas de incentivo ao esporte desde cedo
(foto: Moreno Bastos / Especial para EBC na Rede) |
É bem verdade que o fato de jogar em casa ajudou, mas entender porque a
Grã-Bretanha irá encerrar os Jogos Olímpicos na terceira colocação vai
além da torcida ou até mesmo da condição econômica. A cultura esportiva
do país, aliada ao forte investimento na base, fazem da ilha monárquica
uma potência em quase todas as modalidades.
Para a disputa de 2012, por exemplo, o comitê dos Jogos selecionou
mais de 500 espaços de preparação para as delegações. Somente na capital
Londres foram 94. As instalações, públicas e privadas, são escolas,
clubes e parques. Abrigado no Crystal Palace, onde boa parte da
delegação brasileira ficou, o corredor Sandro Viana até brincou. "Isto
aqui para mim é a Disneylândia. Tem espaço para todos os esportes, além
do suporte médico. Eu fico imaginando onde o pessoal da Grã-Bretanha
treina".
Um levantamento realizado pelo jornal Telegraph mostra a importância
do esporte nas escolas. Dos 542 atletas do Team GB, o jornal conseguiu
determinar a origem de 440. E o número impressiona: 300 deles (68%)
foram formados em instituições públicas. Outros 52 estudaram (ou ainda
estudam) fora do país, ante 88 de escolas britânicas particulares.
O plano do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para o Rio-2016, a
princípio, parece modesto. A ideia é encerrar os jogos em casa entre os
dez melhores colocados. Para um país com a sexta economia do mundo e a
quinta maior população, parece pouco. Os resultados, contudo, não
aparecem da noite para o dia, como bem lembrou o técnico do medalha de
ouro Arthur Zanetti (primeiro brasileiro a subir ao pódio na ginástica),
Marcos Gotto, ao dizer que os atletas que irão competir no Rio-2016 já
existem e irão apenas se aprimorar no ciclo olímpico.
As novas políticas públicas para o esporte brasileiro pretendem ir
da base até o esporte de alto rendimento. No fim dos Jogos Olímpicos de
Londres, o governo brasileiro irá anunciar um plano de investimento, que
segundo o Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, deve chegar em R$ 1
bilhão. Em primeiro momento, o alvo são as categorias individuais e
menos tradicionais no país, carentes de estrutura. A linha foi dada pela
presidenta Dilma Rousseff, em visita ao Crystal Palace.
?O Brasil é muito forte hoje nos jogos coletivos, somos bons em
futebol, vôlei, basquete e handebol. Sempre nos esportes coletivos a
gente leva medalha, mas acontece que, apesar de ser um time completo,
você ganha uma medalha, e tem esportes individuais que são mais
medalhados?, disse a presidenta.
Os novos investimentos unem-se aos projetos já iniciados em 2010 no
Centro Olímpico de Treinamento (COT), no Autódromo do Rio de Janeiro. O
Parque Olímpico que será construído também abrigará instalações para 22
modalidades, como saltos ornamentais, nado sincronizado, atletismo,
badminton e esgrima. Quando concluído, o centro será o único de grande
porte na América Latina e servirá para que, a partir de 2020, o Brasil
se transforme, definitivamente, em uma potência olímpica.
Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0
13.08.2012 - 08h27 | Atualizado em 13.08.2012 - 08h50