Por mais que se pesquise e se aprofunde sobre um determinado tema, nada se compara à experiência de quem vivenciou e sentiu na pele os efeitos da de certos fatos que fazem parte da História moderna.
O historiador Eric Hobsbawm, considerado um dos principais intelectuais de nosso tempo, é um desses casos. Nascido em 1917, ano da Revolução Russa, prestes a completar 94 anos, Hobsbawm acompanhou de perto o desenrolar de importantes acontecimentos que marcaram o agitado século XX, chegando aos dias de hoje com uma lucidez que impressiona pela coerência e precisão de seus pensamentos e observações.
A ascensão e a derrocada do nazimo, a Segunda Guerra Mundial, o apogeu e o colapso da extinta União Soviética, a divisão do mundo em dois blocos, caracterizada pelo confronto entre capitalismo e socialismo na Guerra Fria, a consolidação da supremacia dos Estados Unidos e a intensificação do processo de globalização são apenas alguns dos eventos por ele testemunhados.
Marxista convicto e crítico contumaz do sistema vigente, o autor de ?A Era dos Extremos? e do autobiográfico ?Tempos Interessantes?, entre outras importantes obras, comprova que esse tipo de inquietude não tem idade nem nacionalidade. Ela é própria daqueles que não se acomodam com um estado de coisas e conseguem enxergar além de seu tempo. Talvez seja por isso que uma série de dez palestras e conferências tenha originado um livro como ?Globalização, Democracia e Terrorismo?, que, mais do que traçar um panorama sobre a questão política internacional da atualidade, é uma exposição nua e crua do que existe por trás de certas ?verdades? tidas como incontestáveis.
Eu recomendo.
Leia abaixo a sinopse do livro.
Autor do clássico Era dos extremos e louvado mundialmente como um dos maiores historiadores vivos, Eric Hobsbawm apresenta uma coletânea de dez palestras e conferências em que faz um balanço dos principais temas da política internacional dos nossos dias.
Embora trate de um amplo conjunto de assuntos - imperialismo, nacionalismo e hegemonia, guerra e paz, ordem pública e disponibilidade de armas, o poder da mídia, mercado e democracia, além de futebol e cultura contemporânea - a obra tem forte unidade temática, centrada na análise da situação mundial no início do novo milênio e dos problemas mais agudos que nos confrontam.
Longe de ser um "otimista", Hobsbawm mostra-se crítico com relação às tendências que prevalecem no mundo de hoje. Considera "remotas" as perspectivas de uma paz mundial sólida no século XXI; ressalta o forte crescimento das desigualdades econômicas e sociais e dos desequilíbrios ambientais e políticos trazidos pela globalização baseada no conceito do mercado livre; e não poupa críticas à atuação do governo americano, tanto do ponto de vista econômico-financeiro quanto do político-militar. "Houve um tempo em que o império americano reconhecia a existência de limitações, ou pelo menos a conveniência de comportar-se como se tivesse limitações. Isso se devia basicamente ao fato de que tinha medo de alguém mais - a União Soviética. Na ausência desse tipo de medo, é preciso que o interesse próprio esclarecido e a cultura tomem o seu lugar", sentencia Hobsbawm.
Com o ar crítico e ousado que caracteriza seus estudos, Hobsbawm classifica a democracia como "uma vaca sagrada que dá pouco leite", e sem perder o estilo, a leveza e o bom humor diz que "enfrentamos o terceiro milênio como o irlandês anônimo, que perguntado sobre o caminho para Ballynahinch, refletiu e disse: 'Se eu fosse você, não começaria por aqui'."
Título original: ? Globalisation, Democracy and Terrorism?.
Tradução: José Viegas Filho.
Capa: Hélio de Almeida.
Páginas: 184.
Lançamento: 13/11/2007.
Editora: Companhia das Letras.
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12394
Eric J. Hobsbawm
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