CQD: Pesquisas atestam o papel nefasto dos sindicatos de professores
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CQD: Pesquisas atestam o papel nefasto dos sindicatos de professores


No texto Premiar os melhores professores, eu apresento uma série de críticas aos interesses corporativistas manifestos na retórica utilizada pela Apeoesp para repudiar a política de gratificação de professores executada pelo governo do estado de São Paulo. Trata-se de uma análise argumentativa que, ao pôr em destaque as contradições e truques retóricos dos sindicalistas e de seus paus mandados no jornalismo, revela o interesse daquela corporação em preservar o pacto de mediocridade que impera em nossas escolas. E há muitas evidências empíricas que corroboram as conclusões a que cheguei nessa análise, como se lê num ótimo artigo publicado estes dias por Gustavo Ioschpe. Embora sem mencionar os sindicatos, o autor apresenta resultados de pesquisas quantitativas para desmontar certos lugares comuns que os sindicalistas dessa categoria usam em sua pregação. Sendo assim, apresento abaixo duas alegações muito repetidas por sindicatos como a Apeoesp e as informações de pesquisas citadas por Ioschpe que justificam as minhas contestações:

A Revista Fórum, que é financiada pela Apeoesp, assegura que a carga de trabalho dos professores é muito pesada e que a política de bonificação os obriga a dar mais aulas ainda. Além disso, qualifica essa política como desumana porque só os professores assíduos ao trabalho recebem os bônus salariais, o que implicaria forçá-los a não faltar ao serviço mesmo quando doentes.
A ideia de que o professor precisa correr de um lado para o outro, acumulando escolas e horas insanas de trabalho, não resiste à apuração dos fatos. Quase seis em cada dez professores (57%) trabalham em apenas uma escola. Em três ou mais escolas, só 6% do total. Um terço dos professores dá até trinta horas de aula por semana. Vinte e oito por cento lecionam quarenta horas (a carga normal do trabalhador brasileiro) e só um quarto dos professores tem jornada acima de quarenta horas por semana.[...] O professor pode até faltar ao trabalho sem medo de sanções. Estudo recente sobre a rede estadual de São Paulo mostrou que o professor médio falta em dezoito dos 200 dias letivos. É um índice de falta muito superior até mesmo ao dos outros servidores públicos, que já é maior que na iniciativa privada. Depois de uma investigação de meses com o repórter Rafael Foltram junto às secretarias estaduais, descobrimos que há situações muito piores, com faltas entre 11% e 15% dos dias letivos. E isso é certamente uma subestimação, pois a maioria das secretarias não fica sabendo quando um professor se ausenta durante parte de um dia; algumas só são notificadas em faltas de três dias ou mais.
O presidente da Apeoesp defende que, em vez de gratificações, deve-se instituir um Plano de Carreira no qual o nível de aprendizado dos alunos não conta nada para a elevação salarial dos professores, sendo esta definida apenas por critérios quantitativos de produção e de "atualização". Ou seja, nada muito diferente do que já existe atualmente, e que explica a péssima qualidade do nosso sistema de ensino, apesar da enormidade de dinheiro investido nele.
[...] o professor sai da universidade, passa em um concurso, chega à sala de aula e, na maioria dos casos, fracassa. Seus alunos não aprendem. Esse professor poderia entrar em crise, poderia buscar ajuda, poderia voltar a estudar, poderia ter planos de apoio de sua Secretaria de Educação. Mas nada disso costuma acontecer, porque não há sanção ao professor ineficaz, nem incentivo ao professor obstinado. O professor que fracassa continuará recebendo seu salário, pois tem estabilidade. Seguirá, inclusive, sendo promovido, pois na maioria das redes a promoção se dá por tempo de serviço ou titulação, não por mérito.
Há muitas outras informações preciosas para a discussão dos problemas da educação brasileira no texto de Ioschpe e, embora eu não concorde plenamente com todas as conclusões dele, deixarei isso para outra ocasião. Por enquanto, o recado está dado: a educação brasileira não precisa de mais investimentos, mas sim de sistemas de incentivos que melhorem a eficiência do dinheiro que já é investido. É o caso das políticas de gratificações, que premiam os melhores e incentivam os acomodados a melhorar.

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