Por PCO Partido da Causa Operária A legalização do aborto é uma questão de saúde pública, como demonstram os números. Os dados divulgados pelo governo são de que após a realização de abortos clandestinos e malsucedidos uma média de 10 mulheres por hora procura o serviço público de saúde para serem atendidas com urgência. Chegam a ser 256 mulheres atendidas por dia. A mesma quantidade de vítimas de clínicas ou medicamentos clandestinos enfrenta a decisão pelo aborto sem qualquer atendimento médico. Os dados públicos mostram também que o Sistema Único de Saúde (SUS) faz menos cirurgias que curetagens. Este procedimento exige anestesia, geral ou local. Os dados desde procedimento necessário depois de abortos provocados são 500 curetagens por dia. Considerando apenas os registros de mortes informados pelos hospitais ao Ministério da Saúde, a cada quatro dias morre uma brasileira que decidiu fazer aborto. Isso significa que podem ser muito mais. Nesta área são gastos trinta milhões de reais pelo SUS todos os anos. E ainda como é evidente não é suficiente para salvar a vida de muitas mulheres. O estado deve tratar a questão do ponto de vista da saúde pública e não religioso. "São dados que mostram como a criminalização e manutenção do aborto na clandestinidade são ineficazes do ponto de vista da saúde." afirma médico Thomaz Gollop, diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da ciência e coordenador do Grupo de estudos sobre o aborto. O constante assédio moral e a perseguição contra as mulheres é uma investida contra os direitos democráticos de toda a população, tanto por parte da Igreja quando por parte do Estado. Se a preocupação da Igreja e dos políticos da direita fosse a vida, procurariam meios de evitar a morte destas mulheres e lutariam pelo investimento na saúde pública, pois o número de mulheres e bebês que morrem no parto são muito devido ao péssimo atendimento. No Mato Grosso do Sul, onde dez mil mulheres foram ameaçadas de prisão após o fechamento de uma clínica de aborto em 2008, 37 mulheres morreram devido a complicações durante a gestação e o mesmo aconteceu com 17 delas em 2009. Fica claro que milhares de mulheres todos os dias recorrem ao aborto ilegal como maneira desesperada de por fim à uma gravidez indesejada. Muitas delas preferem não esperar a gestação avançar, nem muito menos a decisão da justiça, mesmo uma parte delas que teriam o direito por terem engravidado após um estupro, ou porque a gravidez causa riscos à sua vida, mas os procedimentos são demorados e há estados que sequer são autorizados a cumprir a lei. É necessário acabar com esse cinismo da direita em "defender a vida" quando na verdade este é só mais um pretexto para aumentar a campanha repressiva contra toda a população. Fonte: Diário da Liberdade |