Dando prosseguimento ao assunto abordado na postagem anterior, um outro aspecto que ilustra bem o deslocamento de empresas de seu local de origem para outras regiões diz respeito às questões econômicas.
A chamada localização flexível também pega carona na situação da economia de um determinado país. Um caso bem interessante e que afeta diretamente a indústria nacional refere-se ao setor de calçados. Acuada diante da concorrência acirrada e da alta do Real, muitas empresas brasileiras deste segmento estão migrando para outras partes do mundo como uma jogada para melhor se adaptarem às regras de um mercado tão competitivo e, com isso, obterem maiores ganhos.
Azaleia
Segundo dados publicados na Revista Exame, em uma reportagem intitulada Dois irmãos contra a China, nada menos que 75% dos 12 bilhões de pares consumidos no mundo anualmente são produzidos na China, a um custo que pode chegar a um terço do dos fabricados no Brasil.
Fábrica da Vulcabras
Leia a seguir a matéria extraída do Jornal O Globo, que mostra com clareza o caminho seguido por muitas dessas empresas.
Com dólar baixo no Brasil, fabricantes de calçados vão para o exterior e cortam produção nacional
A combinação de dólar baixo e enxurrada de importações - principalmente da China - levou algumas fabricantes brasileiras de calçados a um gesto extremo: transferir parte da produção para o exterior, atrás de custos menores. Países como Índia, Nicarágua e República Dominicana vêm conseguindo fisgar tradicionais calçadistas ao oferecerem baixo custo de mão de obra e isenção de alguns impostos.
Em junho, o grupo Vulcabras-Azaleia iniciará a produção de cabedais (parte de cima dos calçados) em uma recém-comprada fábrica na Índia. A matéria-prima virá do Oriente. As peças serão exportadas, depois, para o Brasil. Na semana passada, a empresa demitiu 800 funcionários ao encerrar a produção na unidade de Parobé, no Rio Grande do Sul.
Segundo o presidente do grupo, Milton Cardoso, a mão de obra mais barata foi um dos atrativos para a mudança.
- É muito mais barato lá fora. Por exemplo, com o que eu pago por uma hora de trabalho no Brasil, compraria 12 horas de mão de obra na China - compara Cardoso, também presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
No Brasil, nas unidades da Bahia e do Ceará, a Vulcabras-Azaleia vai produzir solados, palmilhas e montará os calçados. A companhia conta com cerca de 44 mil funcionários. Os investimentos, em dois anos, serão de US$ 50 milhões. Já o número de funcionários na nova fábrica, na Índia, aumentará de mil para 5 mil.
No fim do ano passado, a Schmidt Irmãos Calçados, fundada em 1943, também fechou suas portas no Rio Grande do Sul para passar a produzir sapatos na Nicarágua. A Paquetá Calçados, fundada em 1945 e atualmente com 23 mil funcionários, abriu uma unidade na República Dominicana. Por enquanto, suas atividades no Brasil estão mantidas.
- Quem estava especulando sobre ir ou não ir para a República Dominicana é a Piccadilly. Então, vemos que não é um fato isolado, é um movimento preocupante - afirmou o presidente da Abicalçados.
Cardoso cita que, em maio de 2009, o dólar valia R$ 2,20:
- De lá para cá, os salários aumentaram 20% e o dólar caiu. E a nossa indústria, basicamente, é composta de custos de mão de obra. Estamos à porta de uma nova crise.
Este ano, foram geradas 17 mil vagas no setor. Nos quatro primeiros meses de 2010, empresas criaram 33 mil postos de trabalho. Mas a principal reclamação dos fabricantes de calçados se refere às importações, sobretudo de produtos chineses. As importações brasileiras somaram US$ 305 milhões em 2010. Em números, foram 28,68 milhões de pares vindos de fora no ano passado. Os principais países de origem das importações são a China (32,8% dos pares de calçados) e Vietnã (25,6%).
O setor pede ainda ao governo a extensão do direito contra o dumping (preços artificiais abaixo do custo de produção para ganhar mercado) a calçados provenientes de Malásia, Vietnã, Hong Kong, Indonésia, Paraguai e Taiwan. Esses países estariam praticando a chamada triangulação, que é "reexportar" um produto chinês para o Brasil.
Jaqueline Falcão
Matéria publicada em O Globo de 13/05/11.
Dongguan, China
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