Por Renata Honorato
O derretimento do gelo nos pólos, Andes e geleiras do Himalaia são algumas das principais consequências das mudanças climáticas que têm atingido todo o mundo nos últimos anos. A neve do monte Quilca, na fronteira entre Peru e Bolívia, já desapareceu, enquanto na região do oceano Ártico a camada de gelo se tornou 40% mais fina. O degelo também é responsável pelo aumento do nível do mar e pela alteração da temperatura dos oceanos, fenômenos que respondem por inúmeros desastres naturais, como furacões, terremotos e tsunamis.
O furacão Katrina, que atingiu Nova Orleans, nos EUA, em 2005, alcançou a categoria 5 da Escala de Furacões de Saffir-Simpson, considerada catastrófica, e devastou o local, matando milhares de pessoas e deixando outras milhares desabrigadas. Cerca de 1 trilhão de litros de água foram bombeados para fora da cidade, no intuito de restabelecer condições favoráveis às famílias que tiveram de abandonar a região por conta dos alagamentos.
A maior população do mundo sofre com as mudanças climáticas. Quando não são as chuvas torrenciais e as consequentes inundações que deixam mortos, feridos e desabrigados, é a seca que maltrata comunidades inteiras. Cerca de 7,5 milhões de chineses sofrem com a falta de chuva e com as altas temperaturas que superam os 40ºC. Por outro lado, um condado da província de Shanxi, ao norte do país, já chegou a enfrentar chuvas contínuas de até 36 horas.
O clima mais quente, consequência das alterações climáticas, encurta o ciclo reprodutivo do mosquito que transmite a malária e permite que eles se multipliquem mais rapidamente em regiões atingidas por desastres naturais. Segundo a Agência de Proteção do Meio Ambiente, o aquecimento tropical contribui para que as chuvas torrenciais alcancem latitudes maiores e insetos se aglomerem em áreas sem saneamento básico e assistência médica. Cerca de 1 milhão de pessoas na África morrem todos os anos por causa da doença.
O derretimento do gelo e a elevação da temperatura das águas do mar de Berring, no Alasca, estão obrigando animais como morsas, ursos polares e aves marinhas locais a migrarem para o norte, onde a escassez de comida leva as espécies rumo à extinção. Essas mudanças bruscas fazem com quem muitos filhotes se percam de seus pais e morram, antes mesmo de chegar à fase adulta, por falta de alimentação.
A elevação do nível do mar já começa a fazer suas primeiras vítimas. Recentemente, a ilha de Lohachara, na Índia, foi inundada. O fato repercutiu no mundo todo e assustou os vizinhos de Ghoramara, onde dois terços de terra já foram invadidos pela água. As Ilhas Carteret, em Papua Nova Guiné, também correm o risco de desaparecer em breve. Segundo cientistas, cerca de 10 ilhas da região do delta indiano estão ameaçadas e podem ser tomadas pelo mar nos próximos anos.
Incêndios como os registrados nos estados de Victoria e California, localizados na Austrália e Estados Unidos, respectivamente, são sérias consequências do aquecimento global. Por conta das mudanças nos padrões de chuva, que causam secas e aumentam a temperatura, a madeira das árvores potencializa as queimadas, que por sua vez emitem substâncias químicas na atmosfera e partículas nocivas no ar.
O ?pulmão do mundo? está ameaçado pelas mudanças climáticas e a seca que atingiu a região em 2005 foi só o começo de uma série de fenômenos naturais previstos para o futuro, caso não ocorra um controle do aquecimento global. A Amazônia, que abriga mais da metade das áreas de florestas tropicais do mundo, e uma em cada cinco espécies do planeta, pode sofrer novamente com a falta de chuva se as temperaturas do Atlântico Norte permaneceram mais altas do que a média.
A onda de calor que atingiu o verão europeu em 2003 foi diretamente ligada ao aquecimento global. Milhares de pessoas morreram e em algumas regiões a temperatura chegou aos 50ºC. França, Itália, Grã-Bretanha, Portugal, Espanha, Alemanha e Suíça foram os países mais atingidos. A maior parte das mortes foi causada por desidratação, problemas circulatórios e distúrbios metabólicos.
O estado de Santa Catarina, principalmente a região do Vale do Itajaí, sofreu com chuvas intensas em 2008. As tempestades, consideradas fora do comum para a região, alagaram várias cidades próximas e deixaram muitas áreas sem água, luz e comida. Milhares de moradores ficaram desabrigados e foram atingidos por avalanches de lama. Todos os estados do Brasil se comoveram com a situação e enviaram às localidades mais afetadas doações de alimentos, remédios, roupas e cobertores.
Revista Veja