João Pedro Stédile, um dos principais líderes do MST no Brasil
O Abril Vermelho promete ser mais intenso este ano
Fala-se em três motivos. O primeiro seria manifestar descontentamento com os rumos da reforma agrária no governo Lula, que teria ficado aquém das expectativas do MST, e ampliar o cacife dos sem-terra nas negociações com o PT. O segundo seria reagir à chamada criminalização dos movimentos sociais que estaria em curso no País. De acordo com líderes do MST, esse é o principal problema enfrentado hoje pelos sem-terra e outros movimentos existentes no País. Dias atrás, ao participar, em São Paulo, do lançamento de uma frente de comunicação a favor da reforma agrária e contra a criminalização, o principal líder do MST, João Pedro Stédile, disse que, "com a aproximação da campanha eleitoral, a direita se rearticula" para tentar "aniquilar os movimentos sociais".
Exemplos. Ele citou como exemplos dessa rearticulação a instalação da CPI do MST no Congresso; as denúncias do Tribunal de Contas União (TCU) sobre irregularidades no repasse de verbas públicas para entidades ligadas aos sem-terra; os pronunciamentos do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, criticando as invasões de terra; a ação das Polícias Militares nos Estados, e, por fim, a mídia. "Estamos enfrentando muitos problemas de repressão física real em alguns Estados onde a direita tem poder direto, como no Rio Grande do Sul e em São Paulo", disse ele. Sobre as denúncias do TCU, observou: "O TCU se atribui o direito de legislar, de dizer o que é certo e errado, mas qual é a moral do TCU? Todo mundo sabe que seus integrantes são escolhidos pelo Parlamento entre aqueles parlamentares que não conseguem se eleger. É um depósito de parlamentares fracassados, que, sem se eleger, conseguem pelo partido uma boquinha para o tribunal, para se aposentar com R$ 20 mil por mês. É isso que eles são. Não têm nenhuma moral para exercer essa perseguição ideológica contra os movimentos." Stédile também observou que os problemas dos movimentos sociais com o Judiciário aumentaram após a ascensão de Gilmar Mendes à presidência do STF, dois anos atrás. "Ele se transformou no porta-voz da direita brasileira e usou o STF como se fosse uma bancada de vereadores do interior", afirmou. "Usou o cargo na cruzada ideológica contra os movimento sociais." É nesse cenário que o MST se articula para uma jornada mais ofensiva em abril. Segundo Stédile, a meta principal do movimento é obrigar o Estado a cumprir suas obrigações, democratizando o acesso à terra, garantindo educação nos assentamentos e moradia popular.