Geografia
A Insegurança Alimentar ou a Fome no Brasil
Insegurança alimentar é o termo técnico atualmente utilizado em substituição ao termo fome quando, em um estudo, se quer mostrar restrição temporária ou permanente de acesso a alimentos em um grupo de pessoas ou famílias. Embora esses indicadores venham melhorando no pais ultimamente, ainda é grande o número de brasileiros, cerca de 7,2 milhões, que passam fome segundo dados da última pesquisa divulgada pelo IBGE. Desses, o maior número concentra-se no Nordeste e os melhores no Sul/Sudeste. Também são as regiões rurais que concentram as famílias com maior insegurança alimentar cerca de 54,7%. Segundo o reatório, lares com algum tipo de insegurança alimentar tinham algumas características básicas: maior presença de crianças e de adolescentes, menor escolaridade e menor rendimento.
Outro dado interessante foi verificado nos itens referentes a posse de eletro-eletrônicos e acesso a bens e serviços. As familias com segurança alimentar e as sem segurança alimentar pouco se diferenciavam quanto a posse de fogão e geladeira, presentes nos lares em ambos os casos. As principais diferenças ocorriam na posse de máquina de lavar e de computador com acesso à internet. Entre aqueles com insegurança alimentar grave apenas 10% tinham acesso à internet por computador. O automóvel estava presente em 50,4% dos domicílios sem preocupação com alimentos. Entre os domicílios com insegurança alimentar, o automóvel era uma realidade para apenas 8,9% das famílias pesquisadas.
Veja a seguir números mais detalhados na reportagem publicada no Veja online.
"Cerca de um quinto dos domicílios brasileiros (22,6%) tiveram algum tipo de restrição ou ao menos preocupação sobre ter alimento na mesa. Desses, 3,2% dos lares ou 7,2 milhões de pessoas tiveram fome, comprometendo a qualidade e a quantidade de alimentos dados inclusive a crianças em formação. Os dados fazem parte do Suplemento de Segurança Alimentar, elaborado pelo IBGE com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013) em 65,3 milhões de domicílios. Os entrevistadores perguntaram em lares do país qual a percepção delas em relação aos alimentos, se houve alguma restrição é uma carência nos últimos 90 dias que pode ser leve, moderada ou grave, tanto em quantidade ou qualidade. Uma comparação com os últimos dez anos mostra avanço no país nos indicadores. Em 2004, a fatia de domicílios que se declaravam confortáveis em relação aos alimentos eram 65,1%. Dez anos depois, em 2013, esse percentual subiu para 77,4%. Já os casos de insegurança, medida em três níveis desde a preocupação com a falta de alimentos no futuro até a efetiva restrição, recuaram de 18%, em 2003, para 14,8%, em 2013. A chamada insegurança moderada, quando existe redução de alimentos para adultos, passou de 9,9% para 4,6%. O de insegurança grave, quando atinge crianças, recuou de 6,9% para 3,2%.
Neste ano, o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou que o percentual de pessoas com insegurança alimentar aguda chegou a 1,7%, considerado erradicação, no entanto, a miséria parou de cair no país. Após uma década de queda sistemática da pobreza extrema, ela subiu de 3,6% para 4%.? Esse estudo (FAO) usa uma escala parecida com a Ebia, para um dos aspectos. A FAO faz essa pesquisa de segurança alimentar de uma maneira mais ampla, usam dados de produção de alimentos, dados antropométricos ? explicou July Ponte, técnica do IBGE responsável pela pesquisa de segurança alimentar.O IBGE utilizou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para identificar e classificar os domicílios de acordo com o grau de segurança alimentar, ou seja, se existe uma situação de conforto ou de medo e risco de ficar sem comer. A escala prevê quatro categorias. A segurança alimentar se aplica a domicílios que têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade em quantidade suficiente. Já a insegurança alimentar pode ser leve, moderada e grave.Ela é leve quando em um lar há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro e a qualidade é considerada inadequada em casos de pessoas que não querem comprometer quantidade. No caso da insegurança alimentar moderada, ela está presente quando se verifica a redução quantitativa de alimentos entre adultos. Já a insegurança alimentar grave é constatada com a redução quantitativa de alimentos entre crianças e a fome (quando alguém fica o dia inteiro sem comer por falta de dinheiro).Publicidade INSEGURANÇA ALIMENTAR 'GRAVE' CRESCEUSegundo o IBGE, a fome ainda era maior no campo, com 13,9% dos domicílios em situação grave ou moderada. Houve aumento de domicílios na condição de insegurança grave de 19,5% para 21,4%, enquanto na área urbana, a proporção de domicílios com insegurança grave passou de 4,6% para 2,8%, e a moderada seguiu no mesmo sentido recuando de 6,1% para 3,9%.O Norte e o Nordeste tinham os piores indicadores de insegurança alimentar, com indicadores bem abaixo da média do país. O Nordeste experimentou o maior avanço, mas ainda detinha os piores indicadores. Em 2004, a região tinha menos da metade dos domicílios (46,4%) com segurança alimentar, esse percentual ficou em 61,9%. No Maranhão, 60,9% dos domicílios tinham algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, não tinham certeza de que iriam conseguir se alimentar de forma adequada, enquanto a média do Nordeste era de 38,1% de insegurança e 61,6% de segurança. Em situação grave, eram 9,8% dos domicílios. No Piauí, 55,6% dos lares tinham algum tipo de insegurança. No Amazonas, 42,9% tinham algum tipo de insegurança. Na região Norte, apenas Rondônia tinha indicador de segurança alimentar acima da média nacional.No Sudeste, 85,5% dos domicílios estavam na situação de segurança, sendo que o maior percentual em todo o país estava no Espírito Santo. São Paulo detinha o menor percentual de domicílios com restrição grave: 1,7%. No Rio, eram 82,2% dos lares estavam na condição de segurança alimentar. O Centro-Oeste passou de 68,8% dos domicílios em situação de segurança alimentar para 81,8%."
" O Brasil tem 14,3 milhões de moradores em domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave, destes 54,7% estavam ocupados, a maior parte em atividades agrícolas, revela o Suplemento de Segurança Alimentar, elaborado pelo IBGE com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013). Lares com algum tipo de insegurança alimentar tinham algumas características básicas: maior presença de crianças e de adolescentes, menor escolaridade e menor rendimento.
O rendimento do domicílio com insegurança alimentar também era mais baixo do que aqueles com segurança alimentar. Enquanto, aqueles que não tinham nenhum tipo de insegurança tinham 23,9% na classe com renda domiciliar per capita de mais de dois salários mínimos. Já 78,9% dos domicílios em insegurança grave ou moderada tinham uma renda domiciliar per capita de até um salário mínimo.Em 2013, 13,7% dos moradores com até três anos de estudo estavam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. Já aqueles com 15 anos ou mais de estudo, o percentual era de 1,2%.Os domicílios chefiados por pessoas de cor preta ou parda registraram níveis de insegurança alimentar maiores em todas as suas dimensões do que aqueles lares em que aqueles chefiados por branco." Lares que tinham algum tipo de restrição alimentar não se diferenciavam muito de um lar sem qualquer problema quando a comparação levava em conta a posse de bens como fogão e geladeira, revela o Suplemento de Segurança Alimentar, elaborado pelo IBGE, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013). A última década foi de aquisição de bens pelos domicílios brasileiros, de maneira geral. Enquanto dos lares onde comida não era preocupação, 99,1% tinham fogão e 98,3%, geladeira; entre aqueles em que a comida chegou a faltar, havia fogão em 93,5% e geladeira em 85,8%. Em relação a TVs, a distância também não era tão grande: entre os lares com segurança alimentar, quase a totalidade (97,8%) tinha aparelhos. Entre os de insegurança grave, 88,4% tinham TV. Os bens podem ser novos, de segunda mão ou obtidos por doação.
SERVIÇOS MAIS PRECÁRIOS PARA LARES MAIS POBRESMas o acesso a serviços ainda era precário, sobretudo para aqueles mais vulneráveis à comida. A rede de abastecimento de água piorou para domicílios com algum tipo de preocupação com a alimentação no futuro: ao passar de 83,2% para 79,2% entre 2009 e 2013. Para aqueles em que a insegurança era considerada moderada, ou seja, com restrição da quantidade de alimentos para adultos, houve queda de 79,3% para 74,7%. Entre os de insegurança grave, a tendência era a mesma: com recuo de 74,8% para 73,6%.A cobertura da rede de esgoto também foi reduzida entre os domicílios com restrição leve que passaram de 46,3% para 44,2% no período. A coleta de lixo também ficou mais precária para os domicílios com algum tipo de insegurança alimentar: entre os de condição leve, a coleta encolheu de 87% para 82,3%. Entre os de perfil moderado, passou de 81,7% para 76,6%. Já entre os de insegurança leve, passou de 78,7% para 75,2%.O IBGE informou que a pesquisa utilizou amostras diferentes e não acompanha as mesmas famílias ao longo do tempo.Veja online 18/12/2014
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