Geografia

A história do Morro do Castelo na cidade do Rio de Janeiro, de 1567 ao desmonte em 1922

O Morro de São Januário ou do Castelo como ficou conhecido posteriormente, ficava estrategicamente localizado junto às águas da baía de Guanabara num espaço onde hoje se encontram entre outras, as ruas Graça Aranha, México e Nilo Peçanha bem no centro da cidade. ( localização no mapa adiante ).

Após a expulsão dos franceses e morte de seu fundador Estácio de Sá em 1567, seu tio Men de Sá transfere o pequeno povoado da cidade de São Sebastião do Rio de janeiro do seu sítio inicial, entre os morros Cara de cão e Pão de Açúcar, para o alto do Morro do Castelo. Ao lado: Litografia de Vitor front

Obs:O nome Morro do castelo se deve a uma pequena edificação semelhante a um castelinho construído no alto do morro bem no início do seu povoamento.

?As primeiras cidades do Brasil começam pelos morros e só tarde descem à planície (...). Essa é a prudência dos fundadores no século XVI e no seguinte que foram uma luta pela posse da terra?
(Márcia Frota Sigaud).

A ocupação

O núcleo urbano seguia o modelo romano e mulçumano de cidade edificada no alto dos morros e murada na base. De lá de cima era possível avistar grande parte da baía e o movimento de entrada e saída de navios, facilitando a defesa do povoado. Além disso, no alto do morro era mais fresco e ainda havia uma nascente de água potável que abastecia a população, na época de 600 pessoas entre colonos portugueses, jesuítas, Índios catequizados, mamelucos, uns poucos franceses e poucas mulheres. Em toda base do morro ao invés de muros, ergueram uma cerca grossa com quatro portões de saídas em quatro diferentes direções. A primeira rua da cidade foi a ladeira da Misericórdia que descia o morro pelo lado direito em direção a praia Manuel Brito e através de um estreito caminho de areia era possível se chegar ao Morro de são Bento na outra ponta da praia. Mais tarde este caminho viria a ser de fato a primeira rua da cidade, a Rua Direita ou 1º Março seu nome atual.

Nos séculos seguintes, com a cidade crescendo e a população aumentando, a falta de espaço no morro faz com que o" povoamento desça o morro" e se espraie pelas planícies da região.

Ao longo dos séculos que se seguiram o morro foi perdendo sua importância e chega ao início do século XX como um endereço desvalorizado, indesejado e insalubre local de concentração de população miserável e marginalizada. Após a grande reforma urbana de Pereira Passos (1902/10- Localize postagem específica aqui mesmo no salageo) o morro se torna um ?ponto negro? _ um foco de doenças e pobreza extrema encravado bem no meio da cidade modernizada e embelezada no estilo? Belle Époque?. Foi decretada então sua destruição. Os argumentos na época utilizados foram:

# o morro impedia a circulação dos ventos que vinham da Baía de Guanabara.

# Médicos sanitaristas acrescentavam que o morro contribuía para a disseminação de doenças e epidemias que atacavam a população da cidade.

# Os defensores de sua destruição ressaltavam como benefício adicional o uso do entulho da demolição para aterrar as áreas de charco e mangues que cercavam o morro.

Desmonte

Em 1920 começa o desmonte do morro com técnicas sofisticadas para a época com uso de engenharia de jatos d?água.

No lugar do morro surge a Esplanada do Castelo. Parte de seu aterro foi utilizado para ampliar a região do centro da cidade incluindo a atual Avenida Beira-Mar e aterrar porções do bairro da Urca.

A população expulsa do morro do castelo, extremamente pobres e sem alternativa vai engrossar o crescimento das favelas que já se espalhavam por outros morros e subúrbios da cidade.

A seguir algumas imagens selecionadas ...

Rua 1º Março em 1885 tendo ao fundo o morro do Castelo

Observe duas imagens a seguir: A da esquerda em 1922 mostra o morro sendo arrasado. A da direita o mesmo espaço hoje sem o morro com dezenas de prédios altos ocupando aquele espaço. Nas duas imagens aparece em evidência o majestoso predio da Biblioteca Nacional ( o primeiro da esquerda na primeira imagem e do centro/direita á frente dos prédios altos na segunada imagem)

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ao lado: "bota-baixo" , as obras
abaixo: Avenida Central, hoje Rio Branco após a reforma urbana

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