Richard Sennett tem se constituído como um dos mais instigantes analistas sociais contemporâneos. Temáticas como o trabalho ou as organizações sociais têm povoado seus intensos e produtivos estudos. O presente livro, A cultura do novo capitalismo, publicado no Brasil em 2006, é resultado das Conferências Castle, ciclo de palestras realizadas por Sennett na Universidade de Yale. Tais conferências tiveram a ética, a política e a economia como assuntos centrais.
O livro parte da perspectiva de que a contemporaneidade tem sido intensa em suas modificações nos modos de conceber a cultura. Essas modificações seriam marcadas pela crise das instituições e pelo crescimento das desigualdades econômicas. Nesse cenário, em que as instituições se fragmentam e as condições sociais se tornam instáveis, emerge um conjunto de desafios às subjetividades humanas. O primeiro desses desafios remete à ideia de tempo, ou a uma primazia do curto prazo. Quando as mudanças permanentes inviabilizam planejamentos de longo prazo, "o indivíduo pode ser obrigado a improvisar a narrativa de sua própria vida, e mesmo a se virar sem um sentimento constante de si mesmo" (SENNETT, 2006, p. 13). O segundo desafio está ligado ao talento, ou a como descobrir suas capacidades potenciais em uma cultura onde novas capacitações são exigidas a cada momento. O terceiro desafio refere-se a um processo de presentificação, isto é, de ter a capacidade de deixar o passado para trás. As modificações culturais desencadeadas no capitalismo contemporâneo implicam a busca de homens e mulheres ideais: "uma individualidade voltada para o curto prazo, preocupada com as habilidades potenciais e disposta a abrir mão das experiências passadas" (SENNETT, 2006, p. 14).
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