A casa ainda não está arrumada
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A casa ainda não está arrumada



Herança de um passado de exploração, a gritante desigualdade social que caracteriza o nosso país representa um abismo capaz de causar vergonha ao mais insensível dos brasileiros.

Não dá para negar que muita coisa mudou no decorrer dos últimos anos. Mas também se há de admitir que, num lugar em que as políticas públicas nunca são pensadas a longo prazo, a erradicação da miséria é uma das maiores dificuldades a se combater em nossa longa empreitada rumo ao desenvolvimento.

O texto que reproduzo a seguir, de autoria de Paula Adamo Idoeta, publicado na BBC Brasil em 14/03/13, ilustra muito bem todas essas contradições tão peculiares ao Brasil.

Afinal, ainda que nossos indicadores sociais venham dando sinais de que estão melhorando de forma tímida, não é necessário ser nenhum especialista nos segredos da economia para perceber que crescimento não combina com má distribuição de renda.

'Passivo histórico' ainda limita avanços sociais no Brasil

O Brasil apresentou leve avanço em seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) deste ano, principalmente em expectativa de vida e renda per capita, consolidando o que a ONU classifica como um dos "mais altos desempenhos" em questões sociais no mundo e superando inclusive países vizinhos.

Ainda assim, o país ainda convive com alta desigualdade e com um "passivo histórico" - os baixíssimos indicadores sociais do Brasil sobretudo antes de 1990 -. que mantêm sua nota de IDH em nível inferior à média da América Latina.

O relatório de desenvolvimento humano, divulgado nesta quinta-feira pelo Pnud (programa de desenvolvimento da ONU), dá nota de 0,730 ao Brasil, levemente superior aos 0,728 do relatório anterior (quanto mais próximo de 1, mais alto é o IDH). A média latino-americana/caribenha é de 0,741.

Mas na avaliação de longo prazo, a partir de 1990, o país é um dos que tiveram um dos maiores avanços em seus indicadores sociais. Os motivos principais, na avaliação da ONU, foram reformas econômicas e investimentos em educação, saúde e distribuição de renda.

"Entre 1990 e 2012, o IDH saiu de 0,590 para 0,730, um aumento de 24%. Essa taxa de crescimento do IDH brasileiro no período é maior que a de Chile (40ª posição no ranking de IDH, com 187 países), Argentina (45ª) e México (61ª), por exemplo", informa o Pnud.
Com isso, o país fica entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no IDH (ou seja, a diferença restante para chegar à nota 1) entre 1990 e 2012.

"O Brasil cresce atualmente mais rápido no IDH e não só em renda, mas em educação e saúde. O desafio é grande, mas o modelo do país é um exemplo a ser seguido", diz à BBC Brasil Daniela Gomes Pinto, analista de desenvolvimento do Pnud.

Para efeitos comparativos, em 2004, segundo o Pnud, o Brasil tinha 71,5 anos de expectativa de vida ao nascer e US$ 8.325 de renda per capita anual. Isso aumentou, em 2012, respectivamente, para 73,8 anos e US$ 10.152.

Patamar baixo

Apesar disso, o Brasil ainda tem IDH inferior ao de vizinhos latino-americanos como Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Costa Rica e México.

O motivo, explica Daniela, é o "passivo histórico" do país.
"Em 1990, a média de estudo dos adultos brasileiros era de quatro anos, a metade da Argentina na época", exemplifica a analista. "E o Chile de 1990 já tinha a expectativa de vida que o Brasil tem hoje. Partimos de um patamar muito baixo."

Os avanços em indicadores sociais do Brasil são elogiados pelo relatório da ONU, mas os dados mostram que o país ainda apresenta forte desigualdade de renda. Na medição que leva em conta a desigualdade social, o país perde 27% de sua nota de IDH.
Estimativas recentes da própria presidente Dilma Rousseff dão conta de que cerca de 700 mil famílias ainda estejam à margem de políticas estatais; e críticos dizem que o patamar de renda per capita de R$ 70, estabelecido pelo governo para determinar quem vive em pobreza extrema, é muito baixo.

Segundo o relatório da ONU, os avanços sociais dependem de "políticas estruturais de longo prazo".

"O país está no caminho certo, mas que o percurso ainda é longo para que isso chegue a surtir efeito no valor do IDH", diz o texto.

O IDH, que mede expectativa de vida, saúde, educação, renda e acesso a recursos para uma vida digna, é um dos principais indicadores mundiais de desenvolvimento humano.
"Ele mede poucas variáveis e tem dificuldade em (igualar) diferenças metodológicas (entre os países), mas dá um retrato do desenvolvimento no longo prazo", opina Daniela. "Isso permite fugir da visão de olhar um país apenas por seu Produto Interno Bruto."





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